A Bela e o... Trio, no Misty Fest

O encerramento do “Misty Fest” foi com chave de ouro. A mestria do Pedro Jóia Trio e a voz inconfundível da convidada, Mariza, trouxeram um espetáculo de qualidade, ao palco principal do Centro Cultural de Belém. Pedro Jóia na guitarra, João Frade no acordeão e Norton Daiello no baixo, apresentaram maioritariamente temas do seu álbum de estreia “Vendaval”, abrindo com “Meditando/Fado Lopes” de Armandinho, logo seguido de um momento de ritmo dinâmico e interactivo com “Se correr o bicho pega”.

A comunhão partilhada entre o trio foi sentida durante todo o espetáculo, em que a harmonia sincronizada dos acordes fazia parecer fácil o que é difícil, conquistando de forma subtil e harmoniosa o público presente no grande auditório.  A homenagem a Carlos Paredes surge na versão “Despertar”, com uma interpretação digna de registo. De realçar as improvisações destes músicos que mostraram assim o calibre de que são feitos e para quem o desafio não é obstáculo. De Sivuca, seguiu-se “Feira de Mangaio”, lembrou-se Paco de Lucía em “Bulerias” e evocou-se Luiz Gonzaga. O tango, em “Mano a Mano”, fez viajar até à Argentina. 

E da América do Sul seguiu-se uma viagem até nuestros hermanos, com o trio a interpretar as sonoridades do Sul de Espanha em “Zyryab”, logo depois de Pedro Jóia ter convidado o público a dançar o “Corridinho”. 

Se o público estava conquistado, mais ficou com a entrada em cena da voz poderosa de Mariza. A artista dispensa apresentações e foi, sem dúvida, a cereja no topo do bolo para encerrar de forma magistral, mais uma edição do Misty. Ao contrário do que seria de esperar, não foi o fado, na sua vertente mais genuína que se fez ouvir na sala, mas antes temas que marcaram o seu início de carreira, como “Fascinação”, “Caprichosa”, “Meu Fado Meu” e “Adeus”.

Para fechar e já no encore, “Canto de Ossanha” foi o final supremo com um público entusiasmado e uma performance dos artistas que demostrou bem a cumplicidade existente entre este quarteto, antes trio, que se tornaram num só, na excelência da música.

Para o ano há mais “Misty Fest”, um festival que faz parte da agenda nacional, pela qualidade dos espectáculos a que já habitou.

 

 

Texto: Ana Clara Duarte
Chefe Redacção: Anabela Santos
Fotos: © Carlos Plácido
Revisão de textos: Isabel Baptista 

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