Grandioso, magnífico, inesquecível são apenas algumas das palavras, das muitas elogiosas, para adjectivar o espectáculo de Andrea Bocelli. Com um poder vocal e um prolongamento de voz impressionantes, o tenor encheu o pavilhão com o seu timbre, deixando o público, literalmente, rendido. Não ficar... seria de uma total insensibilidade ou falta de ouvido.
A voz quente e envolvente deste ícone da música, foi acompanhado pela orquestra portuguesa "Sinfoniella de Lisboa" (com 70 elementos), e um coro de 60 vozes. Um palco pleno de talento, por onde passaram também solos excepcionais do flautista Andrea Griminelli.
Figura de proa da música clássica internacional, a primeira parte do concerto foi preenchida com as mais conhecidas árias das dez óperas que Bocelli já gravou, que vão de Werther a Carmen, passando por Tosca e Romeu e Julieta. "Va, pensiero", da ópera "Nabucco", de Giuseppi Verdi, deu início a mais de duas horas de espectáculo. Depois foi um desfilar de "estrelas" líricas, como "La Donna è Mobile" do "Rigoletto" de Verdi ou a "Ave Maria" de Schubert.
"En Aranjuez con tu amor", abriu a segunda parte, que contou em palco com uma convidada especial, a fadista portuguesa Ana Moura. Com ela, Andrea Bocelli interpretou três temas, "Over the Rainbow", "Canto della Terra" e "Besame mucho", que marcou um dos pontos altos da noite.
Ana Moura mostrou-se lisonjeada pelo convite que lhe foi endereçado pessoalmente pelo artista que cresceu a ouvir e considera como uma referência. E foram duetos que fizeram com que as doze mil pessoas, que enchiam por completo o MEO Arena em Lisboa, esgotado há cinco meses, se levantassem para ovacionar entusiasticamente os cantores. Situação que se repetiu por diversas vezes no final do espectáculo, com particular destaque para os encores, em que também participou a soprano Maria Aleida.
O concerto de Andrea Bocelli foi o início das comemorações dos 80 anos da Rádio Renascença, que não podiam ter começado melhor. Por isso, em noite de festa, foram muitos os convidados especiais presentes nesta celebração. Entre eles o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, Eduardo Ferro Rodrigues, o ministro da cultura, o presidente da câmara de Lisboa, Fernando Medina, e três ex-presidentes da República Ramalho Eanes, Jorge Sampaio e Cavaco Silva.
Do lado da Igreja Católica, assistiram a este concerto, o arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, o bispo do Porto, D. António Francisco dos Santos, e o núncio apostólico (representante da Santa Sé) em Portugal, D. Rino Passigato. Cinco minutos antes do início do espectáculo discursou o Cardeal Patriarca de Lisboa, que realçou a importância e "missão" da Renascença, no panorama radiofónico nacional.
Visívelmente satisfeito estava Marcelo Rebelo de Sousa que, pela primeira vez, ouviu ao vivo um dos seus cantores líricos favoritos.
O aniversário da Renascença, que se assinala a 10 Abril, prossegue com outras iniciativas, entre elas o espectáculo de outra voz emblemática do canto lírico, Plácido Domingo, que actuará a 22 de Maio também no MEO Arena, em Lisboa.
A Rádio Renascença está de parabéns e não podia ter começado melhor as comemorações.
IN: foi uma noite memorável.
OUT: apenas o sistema de som que estava demasiado alto e se tornou "agressivo". O poder de voz de Bocelli dispensava o exagero.
Jornalista: Anabela Santos
Photos: © Carlos Plácido
Revisão de Textos: Isabel Baptista
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