Carlos do Carmo & Raquel Tavares

21-11-2017 19:24
Foi o encerrar perfeito das comemorações dos 125 anos da Praça do Campo Pequeno, um dos ex-líbris de Lisboa. Razão para, entre o público, se encontrar o presidente da câmara. No palco dois nomes grandes do fado – Carlos do Carmo e Raquel Tavares. Duas gerações, que apesar da diferença de meio século entre ambos, comungam o mesmo sentimento e paixão pela canção nacional, Património Imaterial da Humanidade.
Se o estilo e a voz de Carlos do Carmo marcaram a evolução do fado desde a década de 60 até aos nossos dias, já Raquel Tavares é uma das referências do fado contemporâneo. Juntar os dois é como sair o euromilhões, no que aos espectáculos diz respeito. E foi isso que aconteceu… premiando todos os que puderam assistir.
Para que não houvesse dúvidas “Se não sabes o que é o Fado”, foi “explicado” pelos dois num dueto, logo a abrir o espectáculo, a que se seguiram os solos, com Raquel a interpretar “Eu Já Não Sei” e a “Gostar de quem gosta de nós”. Não lhe faltou o xaile e até o estilo, que herdou da dona Bia da Conceição. Os músicos, Carlos Manuel Proença na viola, José Manuel Neto na guitarra portuguesa e no baixo José Maria de Freitas, acompanharam os 2 fadistas e não faltou uma bateria em palco.

Uma vontade de Raquel e uma estreia em palco para Carlos que reconheceu a sensibilidade do músico para o fado. No palco uma mesa, com um xaile como toalha, é o local de “espera” para o fadista que se torna espectador, mas também local de cumplicidade onde os duetos acontecem. Foi o caso de “Por morrer uma andorinha”, o primeiro dueto à mesa. A Beatriz da Conceição, ou Bia, a mulher que a inspirou e de quem herdou o xaile que a acompanha, Raquel dedicou o fado cravo ”Deste-me um beijo e vivi” a que se seguiu um fado corrido, “O Ardinita”, para recordar Fernando Maurício.
Se o palco primou pela qualidade dos músicos ali presentes, não é menos verdade que o público merece também uma referência. O silêncio da sala, no decorrer das interpretações, foi o de quem ouve com sentimento e respeito. De tal forma que os fadistas não deixaram de o referir, com Carlos do Carmo a agradecer mais o silêncio que as palmas. O Campo Pequeno tinha-se transformado numa grande sala de fado. 

Mais clássicos se sucederam entre solos e duetos. “Gaivota”, “Bairro Alto” ou “Lisboa menina e moça” puxaram pelos dotes vocais da plateia e o entusiasmo reflectia-se nas muitas palmas, em cada final. Se para o público este foi um espectáculo “muito, muito bom”, como se ouvia entre os presentes, também para os fadistas tinha sido “um prazer cantar para quem sabe ouvir fado”.
 
 
Jornalista: Anabela Santos
Fotos: © Carlos Plácido
Revisão de Textos: Isabel Baptista
© Copyrights. Todos os direitos reservados.

 

Contactos

NEWS IN&OUT https://www.facebook.com/news.in.out anabelasantos.rtp@gmail.com