Ney Matogrosso...
O que é que o Ney tem? Tem espectáculo, como ninguém tem...
Disso ninguém duvida e Ney Matogrosso continua o artista exuberante com que sempre habituou o público. Nem do alto dos tacões das suas longas botas, os seus 75 anos vacilam.
Em noite de gala, inserido no programa das comemorações dos 85 anos do "Casino Estoril", o cantor subiu ao palco "Atento aos sinais", o seu último trabalho, que esgota salas há quatro anos. O mesmo aconteceu agora em Portugal, onde foi necessária uma noite extra, para satisfazer os inúmeros fãs.
Músicas clássicas e novas partilharam o repertório interpretado pelo artista, que com os seus habituais figurinos ousados apresentou um show pop, digno do seu longo percurso e que lhe conferiu o estatuto de intérprete carismático e referência da música popular brasileira, a nível global.
O que o torna tão internacional poderia ter sido respondido pela actriz americana Jodie Foster, que discretamente se encontrava entre a plateia de luxo, mas preferiu o anonimato e fugiu às fotos.
"Atento aos sinais", inclui temas de músicos consagrados como Caetano Veloso ou Paulinho da Viola. Mas, se a inconfundível voz do cantor é uma das razões do seu sucesso, a sua "performance" em palco não o é menos. Ney é um "furacão" em palco, sem pudores exagerados, como mostrou ao despir-se em cena, onde a exuberância dos gestos e do guarda-roupa lhe conferem um estatuto que poucos alcançam.
Fiel a si próprio cantou e encantou quem esteve na sala Preto e Prata. Com a sala esgotada, o público presente vibrou com o espectáculo e, mais ainda, quando o cantor desceu do palco, fazendo vibrar algumas senhoras que, ousadamente conseguiram "furar" a segurança e estar lado a lado com o artista. "Rua da passagem", "Vida louca vida", "Freguês da meia-noite", "Fico Louco", "Todo o mundo o tempo todo", foram alguns dos 18 temas que interpretou, num espectáculo de quase duas horas. É caso para dizer que a idade não pesa e a elegância se mantêm. Tal como da última vez que passou pelo Casino do Estoril, Ney Matogrosso fechou a noite com "Amor", um tema da época dos "Secos & Molhados", "Poema" de Cazuza e "Ex-Amor" de Martinho da Vila.
Ney comunicou com o público através da música, porque tal com afirmou "...não falo convosco porque não o sei fazer, por isso faço apenas o que sei fazer, cantar".
E para estes sinais a que está atento, desde as artes, ao das ruas e do mundo, cantou acompanhado pela mesma banda com que actuou no nosso país em 2014, apenas tendo sido substituído na guitarra, Maurício Negão por André Valle. A direcção musical e teclados continuou a ser de Sacha Amback, já Marcos Suzano e Felipe Roseno estiveram na percussão, Dunga no baixo, trompete Aquiles Moraes e no trombone Everson Moraes.
Vinte e nove anos depois de ter conquistado e esgotado o salão Preto e Prata, Ney Matogrosso repete a proeza e deixa rendidos todos os que puderam assistir a este impetuoso artista... do mundo.
Jornalista: Anabela Santos
Assistente de Redacção: Ana Clara Duarte
Photos by © Carlos Plácido
Revisora de textos: Isabel Baptista
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