Raquel... de sonho

18-04-2017 22:12

Sonhou, concretizou... e surgiu envolta por uma cortina com imagens de memórias, que a preto e branco, relembraram a sua breve passagem pelo palco onde deu a conhecer a sua voz, a sua paixão e a sua alma de fadista. Por isso o "Meu Coração Não se Cansa", abriu uma noite de emoções repartidas entre a cantora e o público.

Raquel Tavares foi genuína, simples, humilde e entregou-se de alma e coração à concretização do sonho de ter um espectáculo só seu, numa sala tão emblemática como é o Coliseu de Lisboa (que repetiu, na noite seguinte, no Coliseu do Porto). Com a felicidade estampada no rosto, comunicadora, não se cansou de afirmar que aquela era a noite de todas as noites e agradeceu ao público a sua presença... sem ele não teria sido possível alcançar o sonho de uma vida.

Aos palcos dos Coliseus trouxe o seu último álbum "Raquel", porque é assim que os amigos a chamam, e a sua voz entoa "Gostar de quem gosta de nós". Das sombras que passaram em palco "Vi uma sombra... uma sombra que passa e nada mais", com a "Tradição" sempre presente e evoca, à capela, "Oh luar da meia noite, alumia cá para baixo..."

"Raquel", o terceiro longa-duração, sucessor de "Bairro" (2008), produzido por Fred Pinto Ferreira, João Pedro Ruela e Tiago Bettencourt, é um disco intemporal com 12 canções Este disco junta alguns dos mais importantes compositores da moderna lusofonia, como Caetano Veloso, Mallu Magalhães, Rui Veloso, António Zambujo, Miguel Araújo, Jorge Cruz e Tiago Bettencourt, a nomes incontornáveis da sua história, de Alfredo Marceneiro a Pedro Homem de Mello, passando por João Dias, Carlos Rocha ou Arlindo de Carvalho.

Mas a D. Bia, ou antes Beatriz Conceição, a fadista que a incentivou e influenciou, não podia faltar e, em vídeo, surge a conversa intimista de duas gerações. O reconhecimento de Raquel é interpretar "Meu corpo" envolta no xaile de Bia e deixar as emoções tomar conta do seu ser, o que a faz sair do palco repentinamente.

Acompanhada pelos músicos Fred Ferreira (bateria), André Dias (guitarra portuguesa), Bernardo Viana (viola) e Daniel Pinto (baixo), interpreta "Senhora do Livramento" de Maria da Fé, presente na sala e "Olhos garotos" de Lucília do Carmo que considera ter sido a sua primeira inspiração. Da "tia" Bia canta "Reza por mim Lisboa". O fado corrido surge com "Morgadita".

A presença da bateria em palco, faz Raquel Tavares afirmar que é preciso despir preconceitos e crescer, porque o fado também cresce e ela é antes do mais fadista, independentemente do que possam dizer em contrário. Não é por acaso que é uma das mais importantes e consistentes vozes do fado contemporâneo e, entre risos, até afirma que tem um hit "Meu amor de longe", que o público sabe de cor e salteado.

Como uma criança a quem se proporciona um desejo, a fadista deu pulos de contentamento sempre que o público a acompanhava e "geria-o" como se de um coro se tratasse. Sem dificuldade, sem pressão.

Raquel já tem a sua marca e isso foi visível. Se a emoção da cantora foi notória, por diversas vezes, ao longo do espectáculo, também é verdade que isso se reflectiu em quem presenciou a consagração da artista.

Teve a noite mágica com que sonhou e no final levantava as mãos ao céu... agradecida. Uma noite de muita intensidade, cheia de tudo... ela deu tudo.

 

Jornalista: Isa Tavares/Anabela Santos

Revisão de Textos: Isabel Baptista

Photos: ©Carlos Plácido

 

©Copyrights. Todos os direitos reservados

 

 

Contactos

NEWS IN&OUT https://www.facebook.com/news.in.out anabelasantos.rtp@gmail.com